segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Episódio 2

              A porta da casa da família Dumbledore se abriu repentinamente e um homem amarrado com grossas cordas torcidas foi empurrado para dentro. Jim entrou logo em seguida com olhos vidrados e dentes cerrados. Pegou o homem pela gola de seu blazer e o socou brutalmente. Sentiu as juntas dos dedos doerem. Não reclamou. Não daria a Rodolphus a satisfação. Jim tateou as vestes de seu prisioneiro e retirou sua varinha, tomando-a nas duas mãos e arqueando-a dolorosamente. Sirius entrou logo em seguida, parecendo estranhamente alheio ao que acontecia. Tirou um maço de cigarros do bolso interno e acendeu um com a varinha. O olhar do homem procurou os seus e suplicaram por misericórdia. O jovem Black devolveu uma expressão de completa indiferença.
              - Isso é realmente necessário? - Perguntou o homem. Se encolhendo enquanto James arqueava mais e mais sua varinha. - Eu não vou dizer nada!
             Os Comensais que haviam sido capturados e interrogados sempre levavam uma distinta expressão de desdém. Como se tivessem certeza de que nada do que sofreriam nas mãos de seus captores seria pior do que sofreriam nas mãos de Voldemort. Às vezes simplesmente subestimavam da Ordem, como se soubessem que não seriam feridos. Mas naquela noite, Rodolphus sabia que estava perdido. Os Comensais tinham empurrado alguém além de seu limite.
            - Eu não perguntei nada. - Respondeu James lentamente, saboreando o efeito de suas palavras. O homem virou os olhos e escutou sua varinha sendo partida.
            Jim chutou a parte interna da coxa do Comensal, fazendo-o abrir a perna dolorosamente. O homem gemeu, mas não reclamou. O jovem alinhou os óculos meticulosamente, estudando sua próxima ação. Queria aterrorizar aquele homem. Iria extrair as respostas que precisava. 
            Sirius não estava surpreso em ver seu amigo naquele estado. Conhecia James a quase dez anos e nunca o vira tão fora de si. Entendia. O desaparecimento dos Longbottoms mexeu em algo novo dentro de James. Algo que ele havia descoberto a apenas alguns meses. Mas algo tão forte que Sirius temia que seu companheiro faria uma loucura. Ele estaria lá para impedí-lo.
          - Sabe, parente. - Começou Black, ironizando a situação dos dois. - Comece a falar... - A expressão do homem se fechou e ele estava pronto para vomitar insultos e proferir sua lealdade a Lord Voldemort, mas sua voz foi-lhe roubada. James pisou em seu estômago. O homem dobrou-se e cospiu. - Depois que ele fizer a pergunta...
          Jim começou a andar em círculos em volta de Rodolphus, como se convidasse-o a se levantar, ou até mesmo desafiá-lo. O homem começou a ofegar e então vomitou, deixando uma poça ao lado de sua cabeça. Cospia repetidamente para tirar o azedume da boca, mas ele não ia embora. Jim colocou o pé na virilha do homem, pisando, cada vez mais forte, em seus genitais.
          - Sabe, Lestrange... - Disse James, retomando a compostura. Fechou os olhos e suspirou enquanto desalinhava o próprio cabelo, deixando-o com uma aparência maníaca. - Não vou usar a Cruciatus em você. - O homem sentiu-se levemente aliviado, apesar da dor de ser pisado nas bolas. Seu rosto se contorceu de dor. Não soltou um pio sequer. - Mas a gente pode se divertir muito sem ela.
           O jovem Potter puxou a própria varinha de mogno do bolso. A metade superior do objeto tomou uma coloração vermelha alaranjada, e sua ponta ficou branca; brilhante. O prisioneiro podia sentir o calor emanar da varinha de Potter mas tentou manter um olhar desafiador. Um grande erro, pensou Sirius. James, num movimento rápido, enfiou a ponta incandecente da varinha dentro do olho de Rodolphus. Um chiado cruel se fez ouvir e o cheiro de carne queimada pôde ser sentido instantaneamente. O Comensal urrou de agonia enquanto a luz abandonava seu olho esquerdo. A dor era esmagadora. Sentia como se seu olho derretesse. Um líquido viscoso escorria pela sua bochecha mas James sequer piscou. Tudo que conseguia pensar era na tortura que seus amigos estariam sofrendo e no choro de seu filho Neville.
         - Ok, já é o suficiente... - Falou Sirius passando o braço em volta de James e puxando-o para longe. Potter resistiu, mas naquele momento ele ouviu o som de alguém aparecendo no alto das escadas.
        A residência dos Dumbledore era um lugar fascinante e sombrio ao mesmo tempo. Existiam uma infinidade de aparatos mágicos que soltavam barulhos engraçados e fumaças coloridas. A decoração era pesada e sem nenhum padrão evidente. Se não parecesse abandonada, talvez fosse um lugar aconchegante. As pessoas das fotos haviam abandonado suas molduras quando viram o que Jamie Potter faria... exceto Ariana. A irmã mais nova de Albus e Aberforth mantinha um olhar de desaprovação para Potter. O jovem não se importou.
       A voz de uma mulher chamou por James. Sua dona apareceu em seguida. Era uma garota linda. Uma vasta cabeleira vermelha e olhos verdes. Apenas vinte e um anos, mas já tinha jeito de mulher. Um rosto redondo e carinhoso. Lábios vermelhos e bem deliniados e um sorriso encantador. James olhou para a barriga de sua esposa. A gravidez já estava mostrando sinais que estava perto do fim. Ela desceu as escadas correndo e se jogou nos braços molhados de seu marido, acariciando-lhe os cabelos. Sirius, tomando a deixa, levantou seu prisioneiro e levou-o para longe dali. Remus e Aberforth, que também foram atraídos pela comoção no hall de entrada, ajudaram. Notando o estado em que Rodolphus se encontrava, os dois trocaram olhares e procuraram Sirius por explicação. Almofadinhas fez um simples sinal de negativo com a cabeça. 
       - Desculpe... - Sussurrou a mulher enquanto engolia o choro que não chegou a sair. - Eu tenho andado emocional demais... E fiquei preocupada de você sair. Agora com o bebê... mas você estava com Sirius...
      - Está tudo bem... - Respondeu James suspirando. Parecia que estava segurando a respiração desde que chegou. Acariciou os cabelos macios de sua esposa e encostou o rosto em seu pescoço. Sentiu falta de seu cheiro. Da sensação de estar em seus braços. Era como... Estar em casa. - Deu tudo certo, Lily. Vou descansar um pouco e depois vamos interrogá-lo.
       - Ia me sentir mais calma se me deixasse ajudar. - Reclamou a mulher, detestando estar no papel de donzela em apuros. - Eu posso me defender. Eu sou mais talentosa que Sirius, você sabe.      
      - Lily... - Respondeu James suspirando. Já tinham tido aquela discussão. E somente sua expressão cansada a calou. Ela sabia que agora ela tinha outra vida dentro de si. O pequeno Harry.

sábado, 6 de agosto de 2011

Episódio 1

                   Jimmy empurrou o aro do óculos de volta para a posição. A chuva não dava trégua. Seus cabelos castanhos estavam tão encharcados quanto seu sobretudo negro. Estava parado num beco escuro enquanto observava o movimento em um diner do outro lado da rua vazia. Jimmy teve um mau pressentimento. Levantou a gola de seu casaco e arrumou sua gravata enquanto levava o jornal acima da cabeça. Queria parecer comum. Correu até um Ford Galaxie preto estacionado a alguns metros dali. Havia um homem no volante. Jimmy se agachou enquanto o homem se debruçava sobre o banco do passageiro e rolava o vidro.
                - Então? Acha que é ele? - Perguntou o homem com uma longa cabeleira negra que descia até os ombros e uma barba por fazer. Usavam roupas semelhantes. Uniforme de trabalho.
                - Acho. O informante disse que ele foi o último a ter contato com Frank antes de ele desaparecer. - Respondeu Jimmy sem tirar os olhos do diner. - Talvez ele tenha informações sobre Alice também.
                - Não vamos nos precipitar. - Respondeu seu parceiro recostado no banco. Parecia tranquilo, mas seu sangue estava fervendo. O casal havia desaparecido havia uma semana e a trilha estava esfriando. Aquele homem parecia ser a última pista.
                - Bacana. - Comentou Jimmy finalmente olhando para o carro. Queria quebrar a tensão. Sua cabeça parecia a ponto de explodir.
                - Eu sei! - Respondeu seu companheiro animado. - Digam o que quiserem, mas eles têm classe.
                Jimmy estava pronto para fazer um comentário sarcástico quando sentiu movimentação. O homem saiu do diner e abriu um guarda-chuva. Olhou para os lados procurando algum sinal de que estava sendo seguido e saiu caminhando em direção à Praça Trafalgar. Os dois esperaram-no tomar alguma distância e foram atrás, tentando permanecer incógnitos. O homem atravessou a praça e tomou o canho seguindo ao norte de St. Martin's Place e depois Charring Cross.
                Os dois homens continuaram nos calcanhares do suspeito. Londres parecia estranhamente sem vida naquela noite chuvosa. Luzes podiam ser vistas pelas janelas dos predinhos que ladeavam a rua estreita mas não se ouviam vozes. Chegaram na estação de metrô de Leicester Square e o homem virou à esquerda, seguindo a oeste na Cranbourn Street.
                - Onde estamos? - Perguntou Jimmy, que não era familiarizado com Londres.
                - Shhhsh. - Respondeu seu parceiro, cutucando-o com o cotovelo. - A gente vem aqui desde que éramos crianças e você nunca saiu pra conhecer?
                - Não.
                O outro balançou a cabeça em desaprovação. A  rua começou a se encher. Pessoas agora populavam as veias da capital tornando tudo um pouco mais difícil. De repente, o homem começou a correr.
                - Merda! - Xingou Jimmy enquanto os dois começaram a perseguir seu suspeito.
                Os dois foram empurrando pedestres enquanto o homem corria tateando as vestes em busca de sua arma.
                - Você colocou um rastreador nele, certo? - Perguntou o cabeludo ofegando enquanto corriam.
                - Sim, não sou um idiota! - Respondeu Jimmy rabugento. - Mas se ele sumir das nossas vistas a pé, não vai adiantar nada! Então CORRA!
                Os dois apertaram o passo até que chegaram numa encruzilhada de ruas. Sem saber para onde o homem foi, os dois se separaram. Jimmy continuou reto pela rua Long Acre em direção ao Covent Garden. Quando a multidão se dispersou Jimmy avistou seu suspeito correndo. Estava perto. Quando chegaram na esquina com James Street, o homem virou-se. Jimmy sabia que ele sacaria sua arma mas foi mais rápido. Se sentia invencível naquela noite. Não deixaria o homem fugir... Resgataria Alice e Frank.
                O homem mal viu o movimento que Jimmy fez e sequer ouviu qualquer som. Seu braço pareceu apenas um borrão. Sentiu seu corpo ser envolvido por uma corda pesada e foi jogado no chão, caindo com um ruído molhado. Seu captor se aproximou e o homem cuspiu vários insultos e ameaças, até que reconheceu seu rosto.
                - Ah... Você. - Disse ele relaxando o corpo desistindo de resistir. Não haveria fuga. Não daquele homem. Não com a fúria que ele trazia nos olhos - Não vou dizer nada...
                - Sabe qual a melhor parte de agir na clandestinidade? - Perguntou Jimmy. Quando ele e seus companheiros notaram que a corrupção havia atingido até aqueles que deveriam manter a ordem, eles saíram. Tomaram a lei nas próprias mão.
                - Oho... - Debochou o prisioneiro com um sorriso desenhoso. - Vai me torturar, Potter?
                - Você não tem idéia. - Sorriu James malignamente com a bota no rosto do homem. O deboche murchou no rosto do Comensal. Murchou e deu lugar a terror.